Sentado penso nos dias passados, nos caminhos corridos, nas formas translúcidas dos desejos, na textura do branco cinza que me aquece a alma.
Nos sonhos meus, o andar lento do charme, arde por cada pé que no chão cai, por cada palavra solta que sai, cada lábio que se morde.
Palavras são amigas do homem, da paixão, do amor e da ternura.
Palavras são receitas do anti-melancólico. São o que são as palavras, apenas palavras que se escrevem, elas sentidas sabem ser, quando sentidas o são. As palavras.
Palavras que vão saindo da boca de um olhar, mas já não são palavras de papel, são palavras.
Palavras!
O olhar da noite brilha no panorâmico da paisagem que desconheço nos meus sonhos. Sentado, copo quente, chá e muitas palavras formando a conversa com olhares que se cruzam. São sonhos em palavras. Palavras apalavradas. Cai a noite mais noite do que já era, antes da madrugada mas mais noite. As palavras e as formadas frases por palavras, criam-se em silêncios e dormem.
Lábios calam tais formas de comunicação e apenas olhares se dão a conversas longas. O frio faz-se o quente aparece e o sonho é a palavra dita num desejo menos ambíguo. A anarquia acontece e as palavras dormem, o lábios fazem-se sentir e o desejo está. É aqui e ali, ali e aqui. É a palavra do saber sentir, sem saber evitar, sem desejar o desejo do evitar. É o tempo o inimigo. Inimigos!
Segundos, minutos e horas a voar, é a pura anarquia que se mexe, a cumplicidade do sonhador a sonhar num sonho sem fim. É acordar por uma manhã e sentir-me completo, sem ser incompleto. É a palavra que se move na montanha, que a montanha move. Raios das palavras que me saindo vão acontecendo.
Porquê? Onde? Quando? A que horas? De que forma? E? OK? Talvez? Sim? Não? Sopa? Amanhã? Agora? Pois!
O sonho é em tons de pastel, o quarto é vermelho e os lençóis brancos clamam por mim. Vou dormir… 00:08 do dia 17 de Setembro de 2010.
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