Nascemos! Choramos e vivemos a dependência, o nosso lado selvagem, os nossos instintos primitivos tornam-se cada vez mais maleáveis.
Começamos por nos expressar, movimentar, e a procurar as nossas vontades e ambientes onde nos sentimos melhor e mais confortáveis.
Crescemos e vamos sendo cada vez mais indivíduos capazes de não dependermos de nada, nem de ninguém. Porém existe em nós um misto, um mix que nos faz procurar sempre a dependência, esta dependência de afecto, amor, carinho, ternura, esta lucidez do que é sentir, e servir. É de uma ambiguidade extrema, uma panóplia anarca que se faz sentir.
Descobrimos o amor, eis o maior e mais complexo sentimento que descobrimos. Na verdade apenas o reconhecemos, porque ele, o amor, existe desde sempre, começamos a nossa primeira relação amorosa, a nossa verdadeira paixão com a nossa mãe, ainda no seu ventre. É difícil, é algo que nunca se resolve, nem procuramos resolver, é isso que nos torna humanos e mais capazes de reconhecer este sentimento tão belo como o amor!
O amor é divino, é dor, é cumplicidade, é olhar, é mãos nas tuas mãos. O amor é poema que não se escreve, que se lê no teu, no meu, no nosso olhar. O amor é o que é, vale tanto e dói! Ser conduzido até ele, ao amor, não é como apanhar um táxi. Diria que é instintivo, sempre procurarmos no nosso GPS, vamos ter com ele, com a maior naturalidade, mas no dia que ele parte, não há GPS algum que nos guie até ele, nós sabemos onde está, mas a marcha parou, e gelamos, ficamos perplexos, desorientados, vazios, confusos, cheios de dores físicas, sim dores físicas, o amor dá caganeira, dá febre, dá dores de garganta. Nesse momento não odiamos quem amamos, odiamos o amor, ou melhor, gostaríamos de dizer – “Oh amor se fosses pentear macacos?!” – mas os macacos não têm culpa… eis que surge em mim uma “positividade” extrema do momento. O amor é bonito, não tem de ir pentear ninguém, não o odeio, apenas o quero por perto, para que me ame a mim também! É por aí que devemos ser, seguir e saber estar, devemos? Eu pelo menos estou tentando ser o mais equilibrado possível, sem que em mim procure a melancolia que o amor por vezes também nos oferece.
Como diz Jorge Palma “O amor é uma besta e dá cabo do desejo!” – Tenho de discordar! Nós somos umas bestas e o nunca perdemos o desejo de amar, simplesmente fugimos dele, do desejo de amar, porque há sempre algo que depende de nós, algo que nos fode e não de amor!
Numa conversa com uma grande amiga, comentámos uma fotografia que ambos vivos de um casal estupidamente apaixonado. Pensámos exactamente no mesmo. É aquilo! É difícil? Aquele casal diz que não, eu sei que não. Para eles é tudo menos difícil. Sabem encaixar as suas qualidades nos seus defeitos, sabem assumir a liberdade do amor, como que nada os consiga parar.
Escrever, acalma-me a alma, deixa-me em paz e tranquilo, pelo menos enquanto escrevo, talvez por isso exista em mim, uma necessidade extrema de o fazer, é estranho?! Mas eu sou tão estranho que eu próprio me entranho nos pensamentos mais moribundos dos meus momentos pensados…
Começo a ficar calmo e a seguir o meu caminho, orientado no meu espaço, definindo as minhas satisfações e orgulhando-me das posições que tenho de aceitar. Pode custar, e custa muitooo, mas é a normalidade do que para mim não é assim tão normal! Enquanto eu decidi que a minha vida jamais iria parar, que a minha felicidade teria de ser temperada por mim… Por ter sido assim, cheguei a um ponto onde perdi um pé e estalei o outro.
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