quinta-feira, janeiro 06, 2011

Bloco de notas 20


PARTE I

Estava sentado, e os meus pensamentos caminhavam numa viagem só minha, onde cada frase se construíra como a forma de uma chuva que lá fora lhe batia ao chão, como se uma revolta crua estivesse ritmada.
Não há tempo, não há razões pouco aparentes e aquelas que julgamos aparentes, vão com a chuva que lhes cai.
Pensei, sem ter de fazer muito exercício mental (coisa rara, mas quis simplificar).
A Internet e a comunicação têm isolado todos nós.
Ficámos cada vez mais rendidos a uma comunicação “barata” e desprestigiante para com os que gostamos. Tenho dias que me marcam, e a vida leva-nos a ponderar tal como a chuva me faz quando me molha o rosto.
Na cidade andei sozinho, senti a alma nua e num choro de moço gritei bem alto a ternura de uma solidão. 

PARTE II

A lua que me guiava, olhava-me mas calou-se a cada saudade que me fazia em mim.
A lua gelava-me a alma e eu cansado caminhei nas ruas para procurar uma voz. Mas o choro de menino perdido fez-se eco na cidade e por ali fiquei-me.
Já em casa a mesma chuva, batia-me no vidro libertando a saudade como se me cuspisse em cima.
A vida é uma composição musical, por momentos existem instrumentos desafinados, maestros perdidos e músicos que não se querem mostrar ao mundo.

PARTE III

Na verdade estamos a cada momento mais sozinhos, e basicamente é isso que a sociedade alimenta, um isolamento geográfico, um isolamento de afectos, um isolamento constante de tudo o que em tempos foi a natureza humana. Não se procura ficar isolado, acontece.
A solidão é isso, não se vende, não se compra, não se troca, é algo que nos entra sem bater á porta, é de difícil explicação! Até podemos estar rodeados de pessoas e sentirmos na mesma essa coisa que é a solidão… é o que por vezes me acontece.

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